segunda-feira, dezembro 24, 2007
sábado, dezembro 01, 2007
José do Telhado
Relato de um assalto em Celorico de Basto
Na noite de 8 de Abril de 1852, por volta da meia-noite, a quadrilha do José do Telhado assaltou a casa do lavrador Domingos Gonçalves Camelo que vivia na companhia de sua mulher Maria Francisca no lugar de Paradela, freguesia de Fervença, concelho de Celorico de Basto.
Constava que Domingos Camelo recebeu uma herança de um familiar afastado e guardou o dinheiro nas suas casas, que podia ser na casa de habitação, ou nos anexos, lojas, lagares ou armazéns, muito bem escondido e até diziam que os ladrões podiam procurar por todo o lado, que não dariam com os valores.
Para além do comandante José do Telhado faziam ainda parte da quadrilha, o Pichorra, o Glórias, o José Pequeno, o António Morgado, outro Morgado; estes dois últimos, para não serem reconhecidos e mais outros dois ficaram no exterior da propriedade.
O José do Telhado resolveu assaltar a casa, talvez atraído pela tal herança que constava ter recebido.
“Um deles subiu por cima de uma dessas ditas casas entrou ao seu curral e depois abriu o seu portal para onde entraram os mais…”
Depois de atravessarem o terreiro, arrombaram a fechadura da porta, sem que os donos da casa acordassem.
Entraram pela cozinha, passaram à sala, para onde dava a porta do quarto de dormir.
Os salteadores, dois de cada lado, abeiraram-se da cama e o casal foi acordado por estes vultos tenebrosos.
- Quem está aí? – terá perguntado Domingos Camelo.
- Não se mexa e diga onde está o dinheiro. Já! – ameaçou o Pichorra apontando-lhe uma pistola.
Enquanto pode lá foi resistindo, até que os salteadores levaram um para cada lado, e usando a força de forma violenta, à coronhada pela cabeça e pelas costelas, iam ameaçando: “Confessa, senão mato-te!”
Segundo as declarações das testemunhas do Auto, houve recurso ao disparo de vários tiros para o ar, provavelmente para intimidar este casal de lavradores.
- Entregamos tudo, mas não nos façam mal – disse resignado Domingos Camelo.
- Vamos a isso – respondeu José do Telhado.
- O dinheiro e o ouro está nas gavetas e numa lata debaixo da cama.
De imediato abriram as gavetas das mesas e da cómoda e retiraram a lata debaixo da cama.
Deste assalto resultou, além do dinheiro que totalizada cerca de 150$000 (cento e cinquenta mil réis), três fios de contas de ouro (no valor de nove mil réis), quatro laços de ouro, três pares de brincos de ouro, um cordão de ouro, dois capotes de panos novos, doze lençóis de pano de linho e um lote de pano fino novo.
Este assalto andou na boca do povo por muito tempo, devido à graçola que José do Telhado, ao ver Maria Francisca a choramingar, inconsolada pelos haveres que acabava de perder, disse “não se rale, mulher! De que lhe serve o dinheiro, se não pode comprar com ele uma cara mais nova e menos feia!”
José do Telhado alcunha de José Teixeira da Silva, assim se chamava porque a casa onde vivia com os pais e irmãos, em Castelões de Recezinhos, pertencente na altura ao extinto concelho de Santa Cruz de Riba Tâmega (actualmente pertencente ao de Penafiel) era coberta de telha, uma novidade naquele tempo, pois a maioria das casas eram ainda cobertas com colmo (palha de centeio).
Nasceu em 22 de Junho de 1818, filho de um capitão de ladrões e no seio de uma família onde extorquir o alheio era actividade de raízes fundadas.
Foi um famoso salteador português do século dezanove e era chefe da quadrilha mais famosa do Marão.
Foi perseguido pelas autoridades e mais tarde preso na Cadeia da Relação, quando tentava fugir para o Brasil.
Posteriormente foi condenado ao degredo em África. Em Malange, onde vivia fez-se negociante de borracha, cera e marfim.
Morreu de varíola em 1875, com 57 anos de idade.
José do Telhado «ele mesmo se intitulava – e assim o declarou no julgamento – “repartidor público”, isto é, alguém que tirava aos ricos para dar aos pobres.»
Constava que Domingos Camelo recebeu uma herança de um familiar afastado e guardou o dinheiro nas suas casas, que podia ser na casa de habitação, ou nos anexos, lojas, lagares ou armazéns, muito bem escondido e até diziam que os ladrões podiam procurar por todo o lado, que não dariam com os valores.
Para além do comandante José do Telhado faziam ainda parte da quadrilha, o Pichorra, o Glórias, o José Pequeno, o António Morgado, outro Morgado; estes dois últimos, para não serem reconhecidos e mais outros dois ficaram no exterior da propriedade.
O José do Telhado resolveu assaltar a casa, talvez atraído pela tal herança que constava ter recebido.
“Um deles subiu por cima de uma dessas ditas casas entrou ao seu curral e depois abriu o seu portal para onde entraram os mais…”
Depois de atravessarem o terreiro, arrombaram a fechadura da porta, sem que os donos da casa acordassem.
Entraram pela cozinha, passaram à sala, para onde dava a porta do quarto de dormir.
Os salteadores, dois de cada lado, abeiraram-se da cama e o casal foi acordado por estes vultos tenebrosos.
- Quem está aí? – terá perguntado Domingos Camelo.
- Não se mexa e diga onde está o dinheiro. Já! – ameaçou o Pichorra apontando-lhe uma pistola.
Enquanto pode lá foi resistindo, até que os salteadores levaram um para cada lado, e usando a força de forma violenta, à coronhada pela cabeça e pelas costelas, iam ameaçando: “Confessa, senão mato-te!”
Segundo as declarações das testemunhas do Auto, houve recurso ao disparo de vários tiros para o ar, provavelmente para intimidar este casal de lavradores.
- Entregamos tudo, mas não nos façam mal – disse resignado Domingos Camelo.
- Vamos a isso – respondeu José do Telhado.
- O dinheiro e o ouro está nas gavetas e numa lata debaixo da cama.
De imediato abriram as gavetas das mesas e da cómoda e retiraram a lata debaixo da cama.
Deste assalto resultou, além do dinheiro que totalizada cerca de 150$000 (cento e cinquenta mil réis), três fios de contas de ouro (no valor de nove mil réis), quatro laços de ouro, três pares de brincos de ouro, um cordão de ouro, dois capotes de panos novos, doze lençóis de pano de linho e um lote de pano fino novo.
Este assalto andou na boca do povo por muito tempo, devido à graçola que José do Telhado, ao ver Maria Francisca a choramingar, inconsolada pelos haveres que acabava de perder, disse “não se rale, mulher! De que lhe serve o dinheiro, se não pode comprar com ele uma cara mais nova e menos feia!”
José do Telhado alcunha de José Teixeira da Silva, assim se chamava porque a casa onde vivia com os pais e irmãos, em Castelões de Recezinhos, pertencente na altura ao extinto concelho de Santa Cruz de Riba Tâmega (actualmente pertencente ao de Penafiel) era coberta de telha, uma novidade naquele tempo, pois a maioria das casas eram ainda cobertas com colmo (palha de centeio).
Nasceu em 22 de Junho de 1818, filho de um capitão de ladrões e no seio de uma família onde extorquir o alheio era actividade de raízes fundadas.
Foi um famoso salteador português do século dezanove e era chefe da quadrilha mais famosa do Marão.
Foi perseguido pelas autoridades e mais tarde preso na Cadeia da Relação, quando tentava fugir para o Brasil.
Posteriormente foi condenado ao degredo em África. Em Malange, onde vivia fez-se negociante de borracha, cera e marfim.
Morreu de varíola em 1875, com 57 anos de idade.
José do Telhado «ele mesmo se intitulava – e assim o declarou no julgamento – “repartidor público”, isto é, alguém que tirava aos ricos para dar aos pobres.»
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