No lugar de Vila Boa, freguesia de S. Bartolomeu do Rego, existe um cruzeiro, situado junto à residência paroquial.
Mas, segundo alguns investigadores, no final do séc. I ou principio do séc. II, a ara lavrada dedicada a Io e a Ares estava colocada num cabeço a 300 metros do Penedo da Senhora (ara Gontini > Argontim) que significa estela de Gontim, no actual lugar de Argontim.
A pedra que suporta a coluna do cruzeiro apresenta em duas das suas faces umas inscrições já um pouco apagadas, mas em que se distingue perfeitamente a forma de algumas letras, embora ditadas em grego estão inscritas em caracteres latinos.
Segundo Rogério de Azevedo, em estudo publicado no seu notável livro intitulado “Onomástico Ibérico”, a inscrição de um dos lados significará: “Eu canto Io, embora a terrível enxada me vá aniquilando rapidamente”. E do outro lado: “A onda de sangue também consagrada a Ares, até ao limite dos prados inundados”.
Estas inscrições cantam louvores a duas divindades da Mitologia Helénica: O deus Ares e a deusa Io.
Ares, cujo culto deve ter tido origem entre os Trácios, era o deus grego da guerra, dotado de um corpo agigantado e uma voz de trovão. Por seu lado, os romanos identificaram com ele o seu deus Marte, pelo que Ares e Marte passaram a ser dois nomes de uma mesma divindade, sendo venerado como deus da Primavera e do desabrochar da vegetação.
Também se pode constatar, na segunda inscrição, uma notação musical, e que é de supor tratar-se de uma melodia cantada em honra de Ares ou Marte durante as procissões das Ambarvales, durante o mês de Março, que constavam de cortejos que percorriam os campos, enquanto os sacerdotes benziam as espigas e ofereciam sacrifícios aos deuses. Segundo J. Pires Baeta, “ao passar diante das estátuas de Marte, que estavam então ornadas de grinaldas de flores, o povo entoava melopeias em sua honra”.
Relativamente a Io, uma divindade mitológica, era filha de Inachos, rei de Argos. Zeus, o pai dos deuses, apaixonou-se por ela e transformou-a em bezerra, para evitar que os seus amores dessem na vista da sua esposa Hera.
Os gregos representavam Io como uma mulher com dois pequenos chifres na cabeça.
A Estela de Vila Boa foi erigida em honra destas duas divindades cujo culto é anterior à disseminação do catolicismo na Península, o que lhe confere idade superior a 1850 anos, enquanto o cruzeiro propriamente dito terá cerca de 350 anos.
Por volta do ano 1980 a cruz foi derrubada pelo vento devido à colocação de uma corda que servia de suporte a cartazes partidários numa campanha eleitoral, estando no seu local uma réplica construída em 2000.
J. Pires Baeta considera como muito provável a Estela ter sido erigida pelo fundador de Vila Boa, no planalto de Monte Longo (ou da Lameira), com o fim de invocar a protecção daquelas divindades para a sua recém estabelecida Villa, onde a actividade económica dominante seria já então a criação de gado bovino para venda.
A Estela de Vila Boa foi classificada monumento de interesse público, nos termos do dec-lei 129/77 de 29 de Setembro.
A pedra que suporta a coluna do cruzeiro apresenta em duas das suas faces umas inscrições já um pouco apagadas, mas em que se distingue perfeitamente a forma de algumas letras, embora ditadas em grego estão inscritas em caracteres latinos.
Segundo Rogério de Azevedo, em estudo publicado no seu notável livro intitulado “Onomástico Ibérico”, a inscrição de um dos lados significará: “Eu canto Io, embora a terrível enxada me vá aniquilando rapidamente”. E do outro lado: “A onda de sangue também consagrada a Ares, até ao limite dos prados inundados”.
Estas inscrições cantam louvores a duas divindades da Mitologia Helénica: O deus Ares e a deusa Io.
Ares, cujo culto deve ter tido origem entre os Trácios, era o deus grego da guerra, dotado de um corpo agigantado e uma voz de trovão. Por seu lado, os romanos identificaram com ele o seu deus Marte, pelo que Ares e Marte passaram a ser dois nomes de uma mesma divindade, sendo venerado como deus da Primavera e do desabrochar da vegetação.
Também se pode constatar, na segunda inscrição, uma notação musical, e que é de supor tratar-se de uma melodia cantada em honra de Ares ou Marte durante as procissões das Ambarvales, durante o mês de Março, que constavam de cortejos que percorriam os campos, enquanto os sacerdotes benziam as espigas e ofereciam sacrifícios aos deuses. Segundo J. Pires Baeta, “ao passar diante das estátuas de Marte, que estavam então ornadas de grinaldas de flores, o povo entoava melopeias em sua honra”.
Relativamente a Io, uma divindade mitológica, era filha de Inachos, rei de Argos. Zeus, o pai dos deuses, apaixonou-se por ela e transformou-a em bezerra, para evitar que os seus amores dessem na vista da sua esposa Hera.
Os gregos representavam Io como uma mulher com dois pequenos chifres na cabeça.
A Estela de Vila Boa foi erigida em honra destas duas divindades cujo culto é anterior à disseminação do catolicismo na Península, o que lhe confere idade superior a 1850 anos, enquanto o cruzeiro propriamente dito terá cerca de 350 anos.
Por volta do ano 1980 a cruz foi derrubada pelo vento devido à colocação de uma corda que servia de suporte a cartazes partidários numa campanha eleitoral, estando no seu local uma réplica construída em 2000.
J. Pires Baeta considera como muito provável a Estela ter sido erigida pelo fundador de Vila Boa, no planalto de Monte Longo (ou da Lameira), com o fim de invocar a protecção daquelas divindades para a sua recém estabelecida Villa, onde a actividade económica dominante seria já então a criação de gado bovino para venda.
A Estela de Vila Boa foi classificada monumento de interesse público, nos termos do dec-lei 129/77 de 29 de Setembro.