Natural da freguesia de Arnoia, concelho de Celorico de Basto foi mandado muito cedo para o Brasil, onde conseguiu situação de destaque, tornando-se um grande comerciante, mercê das suas qualidades e persistência.
Ainda novo adoeceu gravemente e veio para a Pátria, procurar alívio para os seus males. No hospital de S. José, onde recolheu, recebeu a visita de alguns conterrâneos entre os quais a do provedor do hospital, Comendador Justino Mota Ribeiro que ali foi expressamente visitá-lo.
Em conversa, disse ignorar que havia um hospital na freguesia onde tinha nascido. De facto, o Hospital de Arnóia, tinha sido votado quase ao abandono durante mais de 30 anos.
Prometeu fazer o que pudesse em seu favor, e assim, foi membro da Mesa do hospital de S. Bento de Arnóia, tendo deixado em testamento a esta instituição toda a fortuna. O inventário decorreu no Brasil recebendo o hospital quantia superior a 200 contos a maior doação que até essa altura (1920) recebera. Os juros durante dois anos chegaram para fazer as indispensáveis obras de adaptação da antiga residência do pároco.
Os restos mortais foram transladados de Lisboa para o cemitério de Arnóia, onde marca presença o busto em mármore de Albino Alves Pereira.
Faz parte da galeria dos grandes beneméritos do Hospital de S. Bento de Arnóia.
Livro de Atas da Irmandade da Santa Casa de Misericórdia e Hospital civil de S. Bento de Arnóia
“Ata da sessão ordinária de 4 de Outubro de 1925
Ano de mil novecentos e vinte e cinco, aos quatro dias do mês de Outubro, nesta secretaria do Hospital de Arnóia e sala das sessões, compareceram o senhor Justino Mota Ribeiro – Vice Provedor em exercício e os mesários Faustino de Oliveira Camelo; Vasco Gustavo Monteiro e Amândio Barbosa de Abreu e Lima Figueiredo para se resolver acerca do expediente e atos de interesse para este hospital.
O senhor Vice Provedor, por ser a hora designada, abriu a sessão e seguidamente o secretário leu a ata que antecede, a qual por todos foi aprovada. Depois do exposto o senhor Vice Provedor fez a seguinte comunicação; que no próximo dia nove partia para Lisboa o testamentário senhor Casimiro Augusto de Almeida, para tratar da trasladação do cadáver do benemérito Albino Alves Pereira, daquela cidade para o cemitério desta freguesia de Arnóia, tudo de harmonia com as resoluções já tomadas por esta mesa; que achava da conveniência que toda a mesa, ou a sua maioria fosse aguardar o cadáver com os restos mortais daquele benemérito à estação de Amarante, e que esta mesa convidasse os irmãos e povo deste concelho a incorporarem-se no préstito desde Casal de Nino ao mesmo cemitério, mandando neste cemitério rezar por alma do mesmo benemérito uma missa, ofício e responsos.
Esta proposta foi unanimemente aprovada, ficando assente em expedirem-se os convites após a indicação do dia da chegada, assim como esta mesa, aprovou ou melhor, autorizou as despesas a efetuar com estes convites e despesas com o funeral incluindo a trasladação de Amarante ao cemitério, despesas estas que o senhor Faustino satisfará.
Nesta ata pelo senhor Firmino Teixeira da Mota Guedes foi entregue a esta mesa uma letra da quantia de noventa e nove libras e um chelim e nove pences do Banco do Brasil para esta Santa Casa receber e que são provenientes da liquidação final do legado deixado pelo benemérito referido Albino Alves Pereira, de juros dos bens inventariados e que não tinham sido incluídos no cálculo do remanescente.
Esta mesa por unanimidade resolveu agradecer ao Excelentíssimo senhor Rocha Mascarenhas, do Rio de Janeiro, procurador desta Santa Casa naquela cidade para efetuar a liquidação do aludido legado, missão que cumpriu com zelo, probidade e de molde a economizar a este hospital uns milhares de escudos, agradecimento que se tornará extensivo aos senhores advogados da escolha do mesmo senhor Mascarenhas: Doutor Justo de Moraes e Herbert Móses, moradores na Rua do Rosário, número cento e doze – Rio de Janeiro e também ao Doutor Francisco Monteiro de Sáles, testamentário do referido benemérito.
Também por unanimidade foi resolvido testemunhar ao senhor Firmino Teixeira Mota Guedes a sua gratidão e reconhecimento pela solicitude, probidade e boa vontade que sempre manifestou e pôs em prática a favor desta Santa Casa, pois no caso da liquidação do espólio no Rio de Janeiro a ele se deve a indicação, feliz lembrança, do senhor Mascarenhas como procurador da mesma liquidação, recebendo esta Santa Casa, por intermédio do mesmo senhor Mota Guedes, o dinheiro do espólio em quantia superior à calculada a receber.
Por último foi resolvido, por unanimidade, autorizar o senhor Tesoureiro a receber a referida letra, que nesta ata lhe foi entregue, e bem assim resolveram anunciar a juros e sobre hipoteca, ao juro mínimo de dez por cento, a quantia de onze mil escudos.
Por não haver mais a tratar encerrou-se esta sessão, e vai ser assinada esta ata por todos e por mim Amândio Barbosa de Abreu e Lima Figueiredo, escrivão que escrevi e li.”